ENVELHECIMENTO (CATEGORIAS DE)

Definição:

Segundo Hayflick (1996) e Arking (1998) envelhecimento é um processo natural, irreversível, multifatorial, onde ocorre o acúmulo de alterações morfo-fisiológicas que levam a uma progressiva diminuição na capacidade física e orgânica, tornando o indivíduo mais suscetível às doenças. O envelhecimento é considerado um processo: (1) complexo, por envolver uma série de alterações morfofisiológicas, bioquímicas e psicológicas que ocorrem no organismo ao longo da vida ou, segundo alguns autores, logo após a maturação sexual, estendendo-se até a morte do indivíduo; (2) multifatorial, por ser próprio de cada indivíduo ou espécie, existindo, no caso do ser humano, uma forte interação entre o conjunto genético, fatores ambientais (incluindo o estilo de vida) e o entorno social (determinado pelas condições socioeconômicas e culturais) (SIVIERO, 2000). Entre as categorias ou denominações relacionadas às novas definições do envelhecimento estão: “terceira idade”, “idoso” e “velho”. “Terceira idade” representa a velhice como uma nova etapa de vida, expressa pela prática de novas atividades sociais e culturais (MAZO, 2004). O termo “idoso” designa àquelas pessoas mais velhas, “os velhos respeitados” enquanto “terceira idade designa os “jovens velhos”, com direito a um novo mercado voltado para essa categoria: turismo, produtos de beleza e alimentares, profissionais especializados, entre outros (PEIXOTO, 1998). Na França (séc. XIX), o termo “velho” era utilizado para designar indivíduo que não detinha estatuto social, enquanto o que possuía era denominado idoso. No Brasil (anos 60), o termo “velho” era empregado de maneira geral, esse termo não possuía um caráter especificamente pejorativo, embora apresentasse uma enorme ambiguidade, por ser um modo de expressão afetivo ou pejorativo, cujo emprego se distinguia pela entonação ou pelo contexto em que era utilizado (PEIXOTO,1998).



 

Histórico: os conceitos, termos ou noções vinculados ao envelhecimento despertaram o interesse dos franceses há séculos. A marquesa de Lambert (1748) escreveu um guia para mulheres envelhecidas. Em 1822, a baronesa de Maussion, indicava em seu livro que para ter uma boa velhice era preciso que os velhos mantivessem relações sociais. Somente no final do século XIX os franceses passaram a dar um tratamento social à velhice, uma vez que, com as mudanças sociais implementavam-se as políticas sociais para a velhice, políticas que pressionavam pela criação de categorias classificatórias adaptadas à nova condição dos idosos (PEIXOTO, 1998). No início do século XX, outros dois termos associados ao envelhecimento começaram a ser usados “gerontologia” e “geriatria”. A palavra “gerontologia” foi proposta por Élie Metchnicoff (1903); significa o estudo do processo de envelhecimento. O radical géron- “homem velho” e o radical logo- “o estudo de” trata-se do estudo do envelhecimento de todas as coisas vivas, não ficando limitada apenas ao estudo dos seres humanos. “Geriatria” designa uma das especialidades da Medicina que estuda os aspectos clínicos dos idosos. A palavra foi cunhada em 1909 por Ignaz L. Nascher, um médico norte-americano (HAYFLICK, 1996).

Comentário: o tema envelhecimento tem sido amplamente estudado por inúmeras áreas do conhecimento. Existem vários conceitos, definições, termos ou noções sobre o envelhecimento, alguns com uma visão puramente filosófica, outros, biológicos, que relacionam envelhecimento com mudanças morfo-fisiológicas, interação e/ou adaptações com o ambiente, passagem do tempo (cronológico), degeneração, doença, etc. Verifica-se, ainda que, alguns encaram o envelhecimento como um período de experiência, sabedoria, cuidado e proteção, enquanto outros o encaram como período de degradação, degeneração e de doenças.



 

Autoria:
Josiane Siviero

Referências

ARKING, R. Biology of aging: Obeservations and principles. 2. ed. Massachussets: Sinauer, Inc., 1998.

HAYFLICK, L. Como e porque envelhecemos. São Paulo: Campus; 1996.

MAZO, GZ; LOPES, MA; BENEDETTI, TB. Envelhecimento Humano: definições e terminologias. In: MAZO, GZ; LOPES, MA; BENEDETTI, TB.(Org.). Atividade física e o idoso: concepção gerontológica. Porto Alegre: Sulina, 2004. cap. 4.

PEIXOTO, Clarice. Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios: velho, velhote, idoso, terceira idade. In: MYRIAN, M L B. (Org.). Velhice ou terceira idade? Estudos antropológicos sobre identidade, memória e política. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998. p. 69-84.

SIVIERO, J., TAUFER, Maristela, MASTROENI, M. Nutrição e envelhecimento humano In: Aspectos biológicos e geriátricos do envelhecimento II. 2 ed.Porto Alegre : EDIPUCRS, 2000, v.II, p. 207-234.

 

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