EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Definição:

A educação patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sócio-cultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Esse processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura. O diálogo permanente que está implícito nesse processo educacional estimula e facilita a comunicação e a interação entre as comunidades e os agentes responsáveis pela preservação e estudo dos bens culturais, possibilitando a troca de conhecimentos e a formação de parcerias para a proteção e valorização desses bens. A educação patrimonial busca resgatar uma relação de afeto pelo patrimônio. O termo “educação patrimonial” foi introduzido no Brasil, em termos conceituais e práticos (HORTA, 1999), no início dos anos 80, tendo como referência o “Heritage Education”, trabalho pedagógico desenvolvido na Inglaterra na década anterior. No Brasil, inicialmente restrita aos museus, essa proposta metodológica educacional vem, ao longo dos anos, ganhando espaço. Algumas experiências pontuais têm apresentado excelentes resultados, fortalecendo as identidades individual e social, relacionando-as aos contextos culturais nos quais se inserem. A ação educacional, que tem por base a questão patrimonial, é essencialmente política e apresenta-se como um forte instrumento de cidadania e de inclusão social.



 

Histórico: a educação patrimonial é um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho de educação patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto desses bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural.

Comentário: valorizar o patrimônio cultural é muito mais do que respeitar monumentos públicos, não os depredando. Na maioria das vezes, tudo o que é chamado de “patrimônio cultural” refere-se a pessoas, histórias, realidades que, embora pertençam ao passado da população, já não fazem parte nem do seu cotidiano nem de sua memória. Manter o patrimônio cultural, portanto, muito além da conservação física – de lugares históricos, prédios públicos, museus, monumentos, natureza – significa resgatar a memória e os valores que originariamente levaram a se considerar aquele personagem, aquele lugar, aqueles objetos ou prédios como patrimônios da coletividade. Valorizar o patrimônio cultural significa interagir com o meio em que se vive – o patrimônio que a humanidade tem. Até meados do século XX, falar em conservação do patrimônio era entendido apenas como conservação física do monumento, do museu, do lugar histórico. Aos poucos, os profissionais responsáveis por lugares de memória perceberam a necessidade de criar uma proposta mais abrangente, envolvendo a comunidade. Nascia assim a educação patrimonial. O conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania.



 

Autoria:
Andréa Cogan

Referências

HORTA, M. L. P. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.

MAGALHÃES, S. M. F. Educação patrimonial: uma proposta para a cidadania. São Paulo, 2005.

MARTINS, J. C. O. (org.) Turismo, cultura e identidade. São Paulo: Roca, 2003.

QUEIRÓZ, M. N. A educação patrimonial como instrumento de cidadania. Revista Museu, outubro de 2006.

 

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