MNEMOSINE

Definição:

Palavra derivada do radical grego mnem, mnemo (mnéme, mnemes), que significa Memória. Na mitologia grega Mnemosine é a personificação da Memória; deusa responsável por preservar a humanidade do esquecimento de fatos ocorridos no passado. Segundo a mitologia, Mnemosine é uma das seis Titânides (feminino de titãs), filha de Urano (deus do céu) e de Gaia (deusa da terra).



Histórico: Mnemosine teria sido possuída por Zeus (deus dos deuses) durante nove noites consecutivas e dessa união nasceram as nove musas (Calíope, Clio, Érato, Euterpe, Melpomene, Polímnia, Terpsícore, Tália e Urânia). Também é lembrada por haver uma fonte com seu nome, também conhecida como a “fonte da lembrança”. De acordo com alguns estudiosos, quem bebia da fonte de Mnemosine tinha o poder de conservar e lembrar estados de consciência passados e tudo que fosse associado a eles. Esse ato poderia ser uma exposição de feitos, qualidades e defeitos de uma ou mais pessoas, como também a exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos sequenciados que envolvessem uma sociedade. De acordo com Barrenechea, Mnemosine

[...] resguardava o passado primordial, controlava as lembranças, permitia aos mortais a recordação dos princípios, de um pretérito arquétipo, essencial, ao mesmo tempo em que lhes outorgava o esquecimento do tempo presente ( 2005, p. 56).

Dessa forma, é importante ressaltar que a “fonte da lembrança” está diretamente relacionada com a fonte de Lethe, “fonte do esquecimento”, visto que para se beber da fonte de Mnemosine era necessário primeiro beber da “fonte do esquecimento”.

 

Comentário: como dizia Hesíodo, no poema Teogonia (32, 38), Mnemosine é quem resguarda “tudo aquilo que foi, tudo aquilo que é, tudo aquilo que será”, porém não salva a sociedade da lembrança dos acontecimentos recentes, pois “a memória é uma construção do presente, a partir das experiências e vivências do passado. Ela está em constante mudança, sendo aberta à dialética da lembrança e do esquecimento, sendo assim seletiva” (FRESSATO).



Autoria:
Emilene Corrêa Souza

Referências

BARRENECHEA, Miguel Angel de. Nietzsche e a genealogia da memória social. In: GONDAR, Jô; DODEBEI, Vera (orgs.). O que é memória social? Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/ Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005.

FRESSATO, Solange T. B. De mãos dados com Mnemosine e Clio. 7 p. Disponível em <http://www.museudapessoa.net/oquee/biblioteca/sol_fressato_narradores_de _jave.pdf>. Acesso em 01/07/2010. p. 5.

HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. Estudo e tradução de Jaa Torrano. 7. ed. São Paulo: Iluminuras, 2007.

KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia  grega e romana. Rio de Janeiro; Jorge Zahar Editor Ltda, 1990.

HOUAIIS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2. reimp. 2007. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

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