CLIO

Definição:

Clio ou Kleio significa proclamadora, recebe a atribuição de introduzir o alfabeto fenício na Grécia. À sua iconografia é atribuída por vezes pergaminhos, tábuas de escrita, livros e instrumentos musicais. É a musa da História.



Histórico: Clio, segundo a Mitologia Grega, era uma das nove filhas de Júpiter (Zeus) com Mnemosine (Deusa da Memória). Cada uma dessas musas possuíam a seu encargo um ramo especial da literatura, ciência e das artes. Clio é a musa responsável pela divulgação dos feitos históricos; leva nas mãos uma trombeta e um livro intitulado Thucydide (Tucíades, Historiador da Grécia Antiga). Heródoto (Pai da História) dedicou um de seus nove livros à musa.

Comentário: Clio, mais do que proclamadora, pode ser considerada a imagem da lembrança, na verdade, a imagem que não deixa esquecer, que traz à tona a história, os acontecimentos históricos. Sua imagem remete à história cultural e à memória devido ao fato de ser filha de Mnemosine. Aproveitando a mitologia e a simbologia de Clio pode-se entender diversos campos das Ciências Humanas. Sua figura é muito bem explorada pela Filosofia Positivista que em suas representações utiliza a figura feminina como central. Clio nesse aspecto representa a mulher e a proclamação histórica, atingindo assim diversas simbologias apenas com sua imagem. A história com a evolução do homem e do mundo passou por transformações, as análises passaram por mutações e hoje encontra explicações em campos nunca antes estudados. Essas análises propõem que a história seja revista, ampliando seu alcance sem ser definitiva. Clio, nesse ponto, apresenta essa evolução sem nunca deixar de estar presente na concepção histórica, mesmo que de formas e visões diferentes. Pode-se analisar a Clio mitológica como uma tradição, pois cultuar as musas é, na verdade, uma situação de culto ao mito, à imagem, à simbologia, tornando o objeto admirado um signo e suas ações em tradições. Clio assim torna-se uma tradição na ciência da história, na mitologia e no imaginário de quem a interpreta devido à sua repetição e reformulação com o passar dos tempos. Uma forma de interpretar essa tradição é o aprofundamento realizado sobre o assunto por Eric Hobsbawm (1997, p. 9):

Por “tradição inventada“ entende-se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível tenta-se estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado.



Autoria:
William Keffer

Referências:

BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia: (a idade da fábula) histórias de deuses e heróis. 26. ed. Rio de janeiro: Ediouro, 2002.
HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terence (org.). A Invenção das Tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

 

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