GERAÇÃO Y E CULTURA DIGITAL

Definições A Geração Y é uma denominação para pessoas nascidas entre os anos de 1977 a 1994 e configuram um perfil próprio de indivíduos. São também designados de uma nova “geração” de indivíduos (FERREIRA, 2010), sendo conhecidos por Geração pós-internet (LARA e QUARTIERO, 2010), Geração WHY ou Millenials (HOWE e STRAUSS,  2003).

São identificados, em termos de “juventude”, “pragmatismo”, “interatividade”, “gosto pela mudança”, “flexibilidade”, “insubmissão a lideranças”, entre outras. Dentre estes autores citados, as características da chamada “Geração Y” seriam resultado de mudanças de ordem socioeconômicas como a ampliação vertiginosa do acesso a tecnologias de informação, cybercultura e a comunicação instantânea (computadores pessoais, internet, telefones celulares, jogos de videogame), novos rearranjos familiares (famílias monoparentais ou reconstituídas, redução do número de filhos, coexistência trigeracional), novas práticas de crédito e consumo (generalização do uso do cartão de crédito, compras on-line, investimento em estudos de pós-graduação)  e novos fluxos migratórios (viagens de estudos, de turismo e de trabalho) .

Histórico e Discussão A partir da década de 50, do século XX, começaram a emergir novas formas de arranjos sociais, políticos e econômicos (LYOTARD, 1993; BAUDRILLARD, 1992; JAMESON APUD CONNOR, 1992). Transformações e mutações estavam acontecendo com toda a sociedade. Levi (1998) aponta algumas transformações, sendo elas: (a) velocidade e renovação de saberes, antigamente o conhecimento levava um tempo considerável até ser classificado como obsoleto. Eram lançadas estratégias de acúmulo de informações (estoque), tendo estas um longo ciclo de vida em boa parte da vida das pessoas. O pressuposto do conhecimento era de que os mais velhos detinham maior conhecimento do que os jovens, pois conseguiram estocar mais informações. A principal transformação ocorrida neste sentido é sobre como o conhecimento se renova, ou seja, ao invés de ser visto como algo a ser acumulado e armazenado, ele está mais para um fluxo constante, substituindo novos saberes por velhos com uma velocidade surpreendente. Assim, vive-se hoje na uma nova relação tempo-espaço-velocidade, do homem e seus saberes; (b) Mudanças na natureza do trabalho, muitos autores citam o deslocamento da centralidade e do sentido do trabalho (ANTUNES, 2001; COCCO, 2000; BAUMAN, 2001). O que isto significa no contexto em análise? Antigamente, homens e mulheres aprendiam uma profissão para toda a vida, com possibilidades de emprego garantido (quase vitalício) e com poucas mudanças no seu conteúdo. As principais transformações em curso referem-se a idéia de que a atividade profissional é mais uma transação de saberes e competências, do que desempenho de atividades prescritas em um manual de cargos. O aprendizado torna-se contínuo e necessário à sobrevivência no mundo do trabalho ; e, (c) avanços da tecnologia: as novas tecnologias transformam, ampliam e redirecionam a cognição humana, onde a memória estoque perde espaço para a memória cibernética. Surge um novo tipo de memória, a coletiva e virtual, com novas formas de acesso à informação.     Neste contexto, surge a geração Y, distinta por comportamentos e perfis mobilizados por seu tempo, de conexões rápidas e voláteis. O perfil profissional deste indivíduos se caracteriza pela sua inteligência, dinamicidade, capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, motivada por desafios e gosto pela novidade (TAPSCOTT, 2010). Porém, é importante considerar que ainda há um senso comum com relação as gerações, implicando em considerá-las como noções meramente descritivas, que agrupam determinadas práticas e grupos sociais (ou etários), mas que não contribuem necessariamente a explicar os comportamentos humanos em questão. Uma coisa é afirmar que pessoas nascidas após a invenção da internet podem desfrutar de um acesso a novas formas de sociabilidade – em especial, as redes sociais virtuais –, as quais, por sua vez, favorecem a criação e consolidação de determinados estilos de vida, outra é denominar um perfil profissional atrelado somente à uma datação geracional. Assim, é importante também pensar em uma geração pelo atravessamento cultural, político, econômico, étnico e social que ela encontra-se imbricada. Estes atravessamentos contribuem para a formação de uma geração, promovendo distinções analíticas entre as mesmas, não somente marcadas por uma datação.

 

Autor : Tamára Cecilia Karawejczyk

 

Referências

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2001.

BAUDRILLARD, Jean. A transparência do mal. Campinas: Papirus, 1992.

BAUMANN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2001.

COCCO, Giuseppe. Trabalho e cidadania: produção e direitos na era da globalização. São Paulo: Cortez, 2000, cap. 3 , p.93-117

DE CARLI, Daniel Michelon; FONTOURA, Lisandra Manzoni; CAFARATE, Liane Santiago; KEMMERICH, Graziele Camargo. “Geração Y e a indústria de software do Brasil”. VII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação, maio de 2011. Disponível em: http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/sbsi/2011/geracaoy.pdf.

FERREIRA, Fernanda Andrade Ramos. A influência dos jogos eletrônicos e do gênero sobre o comportamento social dos jovens da geração Y. Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

HOWE, Neil; STRAUSS, William. Millennials go to college. Washington: American Association of Collegiate Registrars and Admissions Officers, 2003. LARA, Rafael, QUARTIERO, Elisa. Entre impressões de estudantes e professores : um estudo sobre o uso de TIC na formação inicial de professores, nas universidade públicas de Santa Catarina. I Congresso de Iniciação Científica e Pós Graduação Brasil Sul, Florianópolis, 2010. LEVY, Pierre. Ciber Cultura e novas relações com o saber. Palestra proferida em 1998 na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo.

LYOTARD, Jean François. O pós-moderno. Lisboa: Gradiva, 1989. TAPSCOTT, Don. Geração Digital: a crescente e irreversível ascensão da geração Net. São Paulo: Makron Books.2010

 

Definições

A Geração Y é uma denominação para pessoas nascidas entre os anos de 1977 a 1994 e configuram um perfil próprio de indivíduos. São também designados de uma nova “geração” de indivíduos (FERREIRA, 2010), sendo conhecidos por Geração pós-internet (LARA e QUARTIERO, 2010), Geração WHY ou Millenials (HOWE e STRAUSS, 2003). São identificados, em termos de “juventude”, “pragmatismo”, “interatividade”, “gosto pela mudança”, “flexibilidade”, “insubmissão a lideranças”, entre outras. Dentre estes autores citados, as características da chamada “Geração Y” seriam resultado de mudanças de ordem socioeconômicas como a ampliação vertiginosa do acesso a tecnologias de informação, cybercultura e a comunicação instantânea (computadores pessoais, internet, telefones celulares, jogos de videogame), novos rearranjos familiares (famílias monoparentais ou reconstituídas, redução do número de filhos, coexistência trigeracional), novas práticas de crédito e consumo (generalização do uso do cartão de crédito, compras on-line, investimento em estudos de pós-graduação) e novos fluxos migratórios (viagens de estudos, de turismo e de trabalho) .

Histórico e Discussão

A partir da década de 50, do século XX, começaram a emergir novas formas de arranjos sociais, políticos e econômicos (LYOTARD, 1993; BAUDRILLARD, 1992; JAMESON APUD CONNOR, 1992). Transformações e mutações estavam acontecendo com toda a sociedade. Levi (1998) aponta algumas transformações, sendo elas: (a) velocidade e renovação de saberes, antigamente o conhecimento levava um tempo considerável até ser classificado como obsoleto. Eram lançadas estratégias de acúmulo de informações (estoque), tendo estas um longo ciclo de vida em boa parte da vida das pessoas. O pressuposto do conhecimento era de que os mais velhos detinham maior conhecimento do que os jovens, pois conseguiram estocar mais informações. A principal transformação ocorrida neste sentido é sobre como o conhecimento se renova, ou seja, ao invés de ser visto como algo a ser acumulado e armazenado, ele está mais para um fluxo constante, substituindo novos saberes por velhos com uma velocidade surpreendente. Assim, vive-se hoje na uma nova relação tempo-espaço-velocidade, do homem e seus saberes; (b) Mudanças na natureza do trabalho, muitos autores citam o deslocamento da centralidade e do sentido do trabalho (ANTUNES, 2001; COCCO, 2000; BAUMAN, 2001). O que isto significa no contexto em análise? Antigamente, homens e mulheres aprendiam uma profissão para toda a vida, com possibilidades de emprego garantido (quase vitalício) e com poucas mudanças no seu conteúdo. As principais transformações em curso referem-se a idéia de que a atividade profissional é mais uma transação de saberes e competências, do que desempenho de atividades prescritas em um manual de cargos. O aprendizado torna-se contínuo e necessário à sobrevivência no mundo do trabalho ; e, (c) avanços da tecnologia: as novas tecnologias transformam, ampliam e redirecionam a cognição humana, onde a memória estoque perde espaço para a memória cibernética. Surge um novo tipo de memória, a coletiva e virtual, com novas formas de acesso à informação.

Neste contexto, surge a geração Y, distinta por comportamentos e perfis mobilizados por seu tempo, de conexões rápidas e voláteis. O perfil profissional deste indivíduos se caracteriza pela sua inteligência, dinamicidade, capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo, motivada por desafios e gosto pela novidade (TAPSCOTT, 2010). Porém, é importante considerar que ainda há um senso comum com relação as gerações, implicando em considerá-las como noções meramente descritivas, que agrupam determinadas práticas e grupos sociais (ou etários), mas que não contribuem necessariamente a explicar os comportamentos humanos em questão. Uma coisa é afirmar que pessoas nascidas após a invenção da internet podem desfrutar de um acesso a novas formas de sociabilidade – em especial, as redes sociais virtuais –, as quais, por sua vez, favorecem a criação e consolidação de determinados estilos de vida, outra é denominar um perfil profissional atrelado somente à uma datação geracional.

Assim, é importante também pensar em uma geração pelo atravessamento cultural, político, econômico, étnico e social que ela encontra-se imbricada. Estes atravessamentos contribuem para a formação de uma geração, promovendo distinções analíticas entre as mesmas, não somente marcadas por uma datação.

Comentário

Autor : Tamára Cecilia Karawejczyk

Referências

ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2001.

BAUDRILLARD, Jean. A transparência do mal. Campinas: Papirus, 1992.

BAUMANN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 2001.

COCCO, Giuseppe. Trabalho e cidadania: produção e direitos na era da globalização. São Paulo: Cortez, 2000, cap. 3 , p.93-117

DE CARLI, Daniel Michelon; FONTOURA, Lisandra Manzoni; CAFARATE, Liane Santiago; KEMMERICH, Graziele Camargo. “Geração Y e a indústria de software do Brasil”. VII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação, maio de 2011. Disponível em: http://www.lbd.dcc.ufmg.br/colecoes/sbsi/2011/geracaoy.pdf.

FERREIRA, Fernanda Andrade Ramos. A influência dos jogos eletrônicos e do gênero sobre o comportamento social dos jovens da geração Y. Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas para obtenção do grau de Mestre em Gestão Empresarial. Rio de Janeiro: FGV, 2010.

HOWE, Neil; STRAUSS, William. Millennials go to college. Washington: American

Association of Collegiate Registrars and Admissions Officers, 2003.

LARA, Rafael, QUARTIERO, Elisa. Entre impressões de estudantes e professores : um estudo sobre o uso de TIC na formação inicial de professores, nas universidade públicas de Santa Catarina. I Congresso de Iniciação Científica e Pós Graduação Brasil Sul, Florianópolis, 2010.

LEVY, Pierre. Ciber Cultura e novas relações com o saber. Palestra proferida em 1998 na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo.

LYOTARD, Jean François. O pós-moderno. Lisboa: Gradiva, 1989.

TAPSCOTT, Don. Geração Digital: a crescente e irreversível ascensão da geração Net. São Paulo: Makron Books.2010

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