Curador

Definição. O substantivo “curador“ tem sua raiz no latim cur, que remete ao cuidado, ao zelo. Portanto, o substantivo latino curátor significa  “o que cuida, o encarregado de zelar, comissário, tutor, rendeiro, caseiro”. Em todos os significados atribuídos a essa palavra, está contido o sentido de “cuidar”, “tomar conta”. O conceito de curador, sob o ponto de vista museal,  está em constante transformação com origem e longo caminho permeados por ações e reflexões relevantes para o cenário museológico.

Segundo Bittencourt (2008),  curador é o profissional responsável  pelo processo de organização e montagem de exposições públicas – um dos meios de se difundir todo e qualquer fazer humano, seja ele relacionado à arte, às ciências, à tecnologia, à história.  Para Bruno (2008), a realização de uma exposição depende do domínio sobre os acervos e coleções, da potencialidade de seleção e da capacidade de elaboração de hipóteses para a constituição de discursos expositivos. Em Museália (2010, p.52), curador é o profissional responsável por preservar, gerir e divulgar um acervo e /ou coleções, sendo que o trabalho de curadoria envolve o conhecimento sobre o tema a ser exposto, pré-seleção do acervo, definições de como os objetos selecionados serão expostos no ambiente, estabelecimento de como será o diálogo com o público durante a exposição e as ações educativas, dentre outras práticas relacionadas à administração do acervo.

 

Histórico. O conceito de curadoria tem em suas raízes as experiências dos gabinetes de curiosidades e dos antiquários do renascimento e dos primeiros grandes museus europeus surgidos a partir do século XVII. A origem das ações curatoriais carrega em sua essência as atitudes de observar, coletar, tratar e guardar que, ao mesmo tempo, implicam em procedimentos de controlar, organizar e administrar. As raízes conceituais  de curadoria ramificaram-se, em especial, nas estratigrafias dos solos das instituições museológicas dedicadas às ciências e só tardiamente, na segunda metade do século XX, migraram para as instituições dos campos das artes. Da mesma forma, as ações curatoriais até o período referido, restringiram-se aos procedimentos de estudos (pesquisas de diferentes campos de conhecimento) e salvaguarda (atividades de conservação e documentação) das coleções e acervos e, na contemporaneidade, subsidiam os processos de extroversão dos bens patrimoniais, consolidando ações de comunicação e educação (BRUNO, 2008).  Ramos (2010) comenta  “… a figura do curador (antes muito mais ligada à do profissional que cuidava dos acervos) se tornasse central para o êxito de uma exposição. Como se pode perceber, a curadoria é um ofício antigo, mas uma profissão relativamente nova.”

 

Comentários. O objeto musealizado em si não possui propriedades intrínsecas a não ser seus aspectos físico-químicos – o objeto não fala. Quem fala, através dele, é o curador. A capacidade de uma exposição fazer o visitante entender seu conteúdo não é automática – o curador é o profissional responsável em dar significado ao conteúdo de uma exposição. Meneses (apud BITTENCOURT, 2008) aponta a importância da exposição e da curadoria – afirma que a curadoria exerce, no museu, um papel de mediação e fazer mediação em museus é um desafio. Portanto, a curadoria de exposições é um desafio. Alguns dicionários identificam a curadoria como relacionada unicamente a exposições públicas de artes, entretanto, deve ficar claro que exposições públicas não são apenas aquelas que expõem arte – tal conceito é um engano.

Autoria:
Inga Ludmila Veitenheimer-Mendes

Referências

BITTENCOURT, José Neves. Mediação, curadoria, museu: Uma introdução em torno de definições, intenções e atores; p.2-12. In: BITTENCOURT, José Neves (org.). Cadernos de diretrizes museológicas 2 : mediação em museus: curadorias, exposições, ação educativa. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais,Superintendência de Museus, 2008.

 

BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Definição de curadoria: os caminhos do enquadramento, tratamento e extroversão da herança patrimonial; p.16-25. In: BITTENCOURT, José Neves (org.). Cadernos de diretrizes museológicas 2 : mediação em museus: curadorias, exposições, ação educativa. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, Superintendência de Museus, 2008.

 

MUSEALIA, revista de Cultura e Museus. Reserva Técnica Viva. n.1, p. 48-52, 2010  www.museus.gov.br

 

RAMOS, Alexandre Dias. Apresentação; p.9 –13. In: RAMOS, Alexandre Dias (org.). Sobre o ofício do curador. Porto Alegre: Zouk, 2010.

 

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