MEMÓRIA DIGITAL VIRTUAL

Definição: no contexto de memória social, Schittine (2009, p. 154) indica que

a memória virtual é uma das principais responsáveis pela atualização do instante, do presente. Porque a velocidade dos processos virtuais e eletrônicos é capaz de acompanhar a aceleração da informação. [...] Quando passamos para o agenciamento da memória em rede, na Internet, as noções de tempo e espaço se modificam. O lugar não existe mais porque não é real, é virtual, e o tempo é o presente, é o agora.

É possível definir uma memória digital (determinada pelo suporte computacional – está associada a questões técnica e as tecnologias de informação) e uma memória virtual (determinada pela conexão e dispersão da Internet – transcende o espaço físico, estando associada também às tecnologias de comunicação). Um registro digital somente tem significado com memória coletiva e ou social ao se tornar virtual. Os novos espaços de memória (virtual) passam a ser repositórios de memória digital cuja informação é socializada por meio da Internet. Tratam-se, portanto, de espaços virtuais construídos em um mundo online (ciberespaço), que retratam memórias individuais e coletivas relativas tanto ao mundo online quanto ao mundo offline (vivências fora do ciberespaço).  O uso do termo “Memória Digital Virtual” permite clarificar que trata-se de uma memória virtual existente em um suporte digital computacional.


Histórico/Comentário: a memória é considerada como um fenômeno cultural e político das sociedades ocidentais (HUYSSEN, 2000). Dentro do contexto de cibercultura, os artefatos tecnológicos da sociedade contemporânea, incluindo a Internet, estão presentes no cotidiano das pessoas, influenciando suas formas de comunicação e interação e de registro e recuperação de informações. Desse modo, observa-se mudança não apenas no registro como na construção de memórias. A memória (digital) virtual é um processo em construção assim como seu estudo e teorização são relativamente recentes (SCHITTINE, 2009) (DODEBEI, 2009) (VARGAS MANGAN, 2010), havendo várias questões em aberto. Através de agrupamentos, por interesse ou afinidade, podem surgir “lugares de memória virtuais”, isto é, um local no qual são concentradas informações/memória relacionadas. A relação de memória e esquecimento existente em outras formas de registro também existe no ciberespaço. A fragilidade da memória virtual vinculada à própria instabilidade da rede pode levar a perdas de conteúdo em algum momento: a possível (e provável) perda de informações no ciberespaço pode ser um problema.

Autoria: Patrícia Kayser Vargas Mangan

 

Referências

DODEBEI, Vera. Patrimônio Digital: objeto virtual de qual memória? In: C. G. Lopes et al (orgs), Memória e cultura – perspectivas transdisciplinares. Canoas:  Salles, p. 255-270. 2009.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. 2. ed. Trad. por Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.

SCHITTINE, Denise V. Memória virtual: construção de arquivos e instrumentação de leitores na internet. ARTEFACTUM Revista de Estudos em Linguagem e Tecnologia, n. 3, (Jul. 2009), p. 152-171.

VARGAS MANGAN, Patrícia Kayser. Construção de memórias digitais virtuais no ciberespaço. In: M. C. C. França; C. G. Lopes; Z. Bernd. (Org.). Patrimônios memoriais: práticas sociais e cibercultura. Porto Alegre: Movimento ; UNILASALLE, 2010.

 

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