ARQUIVO

Definição: arquivo é o lugar onde encontra-se organizado e alojado algum tipo de documentação produzida pela ação  individual ou coletiva através da escrita. O documento produzido pode conter valor administrativo e mais tarde tornar-se documento histórico ou narrativo, portanto, um arquivo considerado “morto” pode no futuro contar uma história de determinada pessoa ou acontecimento. Os arquivos de departamento pessoal, onde cadastros de componentes de uma empresa podem tornar-se histórico dependendo do futuro profissional do indivíduo ali cadastrado. Conforme a obra de Marilena Paes, arquivo “é a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso da sua atividade, e preservados para consecução de seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro” (1997, p. 16).


Histórico: as antigas concepções referentes a arquivo declaravam os mesmos como depósitos de documentos de qualquer espécie, que, quando perdem seu valor administrativo, passam a fazer parte do arquivo administrativo ou histórico. Existem dúvidas quanto à origem do termo “arquivo”, uma corrente prega a origem na Grécia Antiga, denominada de Arché ou ainda  Arkhê, que se atribui ao palácio dos magistrados, evoluindo para archeion, local de guarda e documentos. Outra possibilidade é o termo latino archivum, local de guarda de documentos e outros títulos. Jacques Derrida compara da seguinte forma:

De certa maneira o vocábulo remete bastante bem, como temos razões de acreditar, ao Arkhê no sentido físico, histórico ou ontológico; isto é, ao originário, ao primeiro, ao principal ao primitivo em suma, ao começo. Porém, ainda mais, ou antes ainda, “arquivo” remete ao Arkhê no sentido nomológico, ao Arkhê de comando. Como o Achivum ou archium latino (palavra que empregamos no singular, como era o caso francês “archive”, que outrora era usado no singular e no masculino: “un archive”), o sentido de “arquivo”, seu único sentido, vem para ele do arkheîon grego: inicialmente uma casa, um domicilio, um endereço, a residência dos magistrados superiores, os arcontes, aqueles que comandavam (2001, p. 12).

Comentário: mesmo com variações quanto à expressão “arquivo”, o resultado funcional desse local é o mesmo, a conservação de documentos escritos. A variedade de documentos que não fazem mais parte do interesse geral torna-se um acervo. Os “arquivos do mal”, como expõe Derrida (2001), é um dos elementos que abrem uma gama de interpretações quanto ao fundamento do arquivo, ideias essas que ainda despertam indagações quanto às possibilidades desse ambiente. Arquivos podem “medir” a democracia de um país. Um arquivo aberto aos populares pode creditar o título à uma sociedade de democrática, ao passo que arquivos fechados para a sociedade revelam uma imposição autoritária. Na tecnologia, memórias são importantes, a memória RAM (temporária) pode ser comparada à um Palimpsesto, enquanto a memória ROM (permanente) armazena tudo o que salvamos. A tecnologia hoje torna primordial a digitalização de documentos, perpetuando assim as informações antes contidas no papel, a função dos arquivos, tomando, assim, novos rumos que agora submetem os documentos à informática. O que antes era um arquivo físico de grandes proporções hoje precisa apenas de um dispositivo de hardware, o disco rígido, de grande capacidade de armazenamento. Será o ambiente virtual o futuro dos arquivos?

Autoria: William Keffer

 

Referências

DERRIDA, Jacques. Mal de arquivo: Uma impressão Freudiana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV,1997.

 

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