MEMÓRIA SOCIAL

Definição:

Conceito ainda em construção, de difícil definição, pois só pode ser abordado a partir de perspectivas transdisciplinares, no cruzamento de várias disciplinas como a sociologia, a antropologia, a filosofia, a história, etc. O resgate da memória social constitui-se no alicerce das identidades pessoal e nacional. Segundo Le Goff “o estudo da memória social é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais a memória está ora em retraimento, ora em transbordamento” (2003, p. 422).



 

Histórico: Maurice Halbwachs, iniciador da sociologia da memória, é figura exponencial no âmbito da Memória Social por ter se dedicado ao estudo da Memória coletiva (Mémoire collective), isto é, da memória associada aos « quadros sociais », obra que, editada pela primeira vez em 1950, repercute até hoje nos meios universitários onde o foco é o estudo da memória. É bastante instigante a relação entre as memórias individual e coletiva, pois, embora sejam os indivíduos se lembrem, a rememoração se realiza através de suas vivências no âmbito do grupo social a que pertencem, dos livros que leram, de um imaginário compartilhado.  A maioria dos principais autores associados aos estudos da memória social como o já citado M. Halbwachs, Henri Bergson, Pierre Nora, Paul Ricoeur, Michael Pollack, Jacques Le Goff, Henri-Pierre Jeudi, Francis Yates entre outros, salientam o caráter seletivo da memória, a importância da imaginação para preencher lacunas da memória e a participação essencial do esquecimento nos processos mnemônicos.

Comentário: decorrem do binômio memória/esquecimento, questões cruciais como o dever de memória, esforço para lembrar, apesar de estratégias (políticas, sociais) que levariam ao esquecimento, equivalendo ao “dever de não esquecer”. O debate sobre o dever de memória emerge nas sociedades contemporâneas em temas associados à anistia e ao perdão (casos de crimes de guerra e de ditaduras), e às leis memoriais (sistema de cotas).  T. Todorov, em texto de 2000, argumenta sobre os perigos dos excessos ou abusos de memória que podem ressuscitar animosidades e até ódios no seio das comunidades.



 

Autoria:
Zilá Bernd

Referências

GONDAR, Jô; DODEBEI, Vera (org.). O que é memória social? Rio de Janeiro: Contracapa, 2006.

HALBWACHS, Maurice. Memória coletiva. Trad. Por Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.

LE GOFF, Jacques.  História e memória. Trad. Por Bernardo Leitão e outros. 5. ed. Campinas: Unicamp, 2003.

LOPES, C.G.; ADOLFO, L.G.; FRANÇA, M.C.; BRISOLARA, V.; BERND, Z. (org.). Memória e cultura; perspectivas transdisciplinares. Canoas: Salles/Unilasalle, 2009.

RICOEUR, Paul. Memória, história, esquecimento. (Trad. Alain François et all.) Campinas: Unicamp: 2007.

TODOROV, Tzvetan. Los abusos de la memoria. Trad. por Miguel Salazar.  Buenos Aires: Paidos, 2000.

 

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