Definição/Histórico:
Esse conceito estuda as relações entre espaço/tempo e memória. Para Vera Dodebei espaço e tempo quando atribuídos ao objeto se modificam, “tornando-o particular ou específico, em relação a uma ideia genérica” (DODEBEI, 2000, p. 65). Esse binômio espaço/tempo, ao longo dos anos, foi considerado pela sociedade como atributos independentes, onde os espaços eram fixo-estáticos e o tempo linear, distinguido como passado, presente e futuro. Entretanto, a teoria da relatividade de Einstein, modifica a concepção de espaço/tempo. Assim, espaço e tempo acontecem simultaneamente, combinam-se e ganham um novo significado com o surgimento da realidade virtual e com o advento das novas tecnologias de informação. Para Dodebei (2000, p. 66), “o fenômeno da globalização retoma o discurso da circularidade do tempo e da virtualidade espacial. O espaço virtual, o tempo real passam a fazer parte da vida cotidiana, evidenciam a importância de um novo atributo para os modos de pensar – a tecnologia.” Assim, espaço e tempo são geridos numa nova dimensão contemporânea: o ciberespaço. O ciberespaço é concebido como a união dos conceitos de “tempo e espaço estudados pela física e pela geografia, agora denominados por espaço/tempo. Esse espaço/tempo, supostamente (a) espacial e (a) temporal é construído em ambiente virtual” (DODEBEI, 2008, p. 6). A memória no ciberespaço é formada a partir das mídias eletrônicas. O uso das novas tecnologias altera as relações humanas no espaço/tempo, produzindo novas memórias e representações no mundo virtual. Para o filósofo francês Pierre Lévy o ciberespaço é o
[...] o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto de sistemas de comunicação eletrônicos [...] na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na “codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluído, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é parece-me, a marca distintiva de ciberespaço (LÉVY, 1999, p. 92-93).
Comentário: Lévy (1999, p. 93) considera que o ciberespaço será o “principal canal de comunicação e suporte da memória da humanidade” quando todas as informações estiverem digitalizadas e acessíveis pelas redes de comunicação. De acordo com Mangan: “A memória virtual precisa da memória digital para existir, mas um registro digital somente tem significado como memória coletiva e/ou social ao se tornar virtual. Os novos espaços de memória se tornam repositórios da memória digital, cuja informação é socializada através da Internet” (2010, p. 7).
Autoria:
Veleida Ana Blank
Referências
DODEBEI, Vera Lúcia Doyle. Espaço mítico e imagético da memória social. In: Memória e espaço. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2000. p. 63-71.
DODEBEI, Vera Lúcia Doyle. Memória do futuro no ciberespaço: entre lembrar e esquecer. DataGramaZero. Revista de Ciência da Informação, v. 9, n. 5, 2008. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/out08/Art_02.htm>. Acesso em: 16 ago. 2010.
LEVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
MANGAN, Patrícia Kayser Vargas. Construção de memórias digitais virtuais no ciberespaço. [Canoas: Unilasalle, 2010. 14p.]. No prelo.