IMAGINÁRIO

Definição:

O substantivo imaginário se originou do termo latino imaginarius, a, um, aplicável ao construtor de retratos em pintura ou escultura. Por imaginário social se tem entendido o acervo cultural imaterial produzido pela imaginação, pertencente a determinada comunidade cultural. Constitui-se de imagens muito diversas, construídas e preservadas a partir do mundo concreto-sensorial, mas não necessariamente fiel a ele.



 

Histórico: o substantivo imaginário é também, mas menos comumente, empregado para designar o conjunto de percepções, concepções e valores imaginários de determinado indivíduo. O imaginário individual é sempre ímpar, apesar de acompanhar o imaginário coletivo. A imaginação e o imaginário individual, portanto, podem modificar o modo como o imaginário coletivo é concebido por alguém. O produto da imaginação modifica também, continuamente, o imaginário coletivo. Os textos, tomados como tecidos sígnicos, que podem ser verbais, sonoros, imagéticos etc, são os grandes formadores do imaginário, quer individual, quer coletivo, no âmbito das formas expressivas. O imaginário elabora, portanto, as tradições, que constituem alicerces culturais. Segundo Laplantine e Trindade, “a representação imaginária está carregada de afetividade e de emoções criadoras e poéticas” (2003, p. 25). O imaginário, como força criadora, é imprescindível igualmente na construção da ciência. O imaginário, enfim, é uma face do conhecimento humano. O imaginário, por definição, é bem social das culturas. A tal ponto é importante, que há muitas maneiras de demonstrar a supremacia do imaginário sobre o mundo concreto-sensorial. Constroem-se nações culturais, que coletivamente se individualizam, a partir do imaginário. Há pessoas que doam a própria vida por uma causa social, religiosa, política, cultural, porque creem nessa causa, porque a instituíram no imaginário como categoria superior. O imaginário se constrói e se mantém no plano do real. O real é o resultado da conjunção da realidade com o imaginário. Existem, portanto, o real coletivo e o real particular de cada um. Isso explica, p. ex., por que, numa mesma comunidade cultural, alguns entregam a vida em prol de convicções, outros a dedicam a serviços sociais, outros, ainda, a concebem e usufruem  de maneiras diferentes. Isso seria impossível sem um imaginário constituído e sem a centralidade do mito, produto dos imaginários, porque o imaginário é mais importante que o concreto-sensorial. Segundo Fuentes (p. 20), o mito é a única verdade possível.

Comentário: o imaginário é constitutivo da identidade. Assim, o imaginário coletivo constrói as comunidades culturais e permite autorreconhecimento entre os indivíduos que as integram. Por isso, geralmente é tomado apenas como coletivo, embora, como se pode perceber, cada identidade compõe seu próprio imaginário, bastante semelhante ao da comunidade, mas não idêntico ao dela.



 

Autoria:
Cicero Galeno Lopes

 

Referências

FUENTES, Carlos. La nueva novela hispanoamericana. México: J. Mortiz, 1969.

LAPANTINE, François; TRINDADE, Liana. O que é imaginário. São Paulo: Brasiliense, 2003.

 

Bibliografia

DURANT, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. Trad. por Hélder Godinho. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

LINDOSO, Ester. Identidade nordestina: de imaginário, estereótipos e humor. Labirinto – Revista eletrônica do Centro de Estudos do Imaginário, Universidade Federal de Rondônia. Disponível em <www.cei.unir.br/notal.html>. Acesso em 23/5/2009.

 

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