Arquivos da Categoria: Zilá Bernd

VESTÍGIOS MEMORIAIS

Definição: o conceito de vestígios, ou rastros deixados pela memória, remete à presença de uma ausência, ou seja, à possibilidade de reconstituir fragmentos de memória a partir de rastros, ruínas, detalhes esquecidos. Em francês, trace (traços, marcas, vestígios), foi conceituado primeiramente por Jacques Derrida como sendo a ausência de uma presença: seria o simulacro de uma presença que se desloca. Em Le monolinguisme de l´autre (1996), Derrida, trabalhando com a situação crucial dos colonizados de terem que se exprimir na … Continue lendo

MEMÓRIA CULTURAL

Definição: Historiadores, desde Tucídides (séc. V a. C.), perseguem a Verdade. Nos séculos XX e XXI tem início a percepção de que na ficção, ou seja, nos processos que envolvem a imaginação, há um outro grau de verdade histórica: a dimensão da memória. Noção de memória cultural deriva, segundo F. Marshall (2008), das fecundas reflexões de M. Halbwachs sobre memória social para quem a memória individual (inclusive os sonhos) “é produzida na medida em que esta memória participa em uma … Continue lendo

MITO

Definição: Gérard Bouchard verifica que a maior parte dos autores consideram o mito, uma quimera, uma fabulação, uma derrapagem da razão e até mesmo uma falsificação perniciosa, o que faz com que o mito adquira má reputação. De fato, continua G. Bouchard, “o mito pode ser tudo isso, mas sua essência não se reduz a isso. Em geral, defino o mito como uma representação ou um sistema de representações dadas como verdadeiras, cuja propriedade é a de imputar uma significação … Continue lendo

MEMORIAL/MEMORIALISMO (MEMORIAL PROFISSIOGRÁFICO)

Definição: Em língua francesa: Mémoires, Mémorialisme. Um “mémoire” (memorial) é, como seu nome o indica ; um conjunto de notas destinadas a conservar as marcas de um fato. As primeiras produções atestadas desse gênero guardam as marcas de sua função primordial: memórias históricas, científicas, jurídicas, etc. que foram definidas como “relações de fatos ou acontecimentos particulares para servir à história” (Dicionário da Academia francesa, 1694). Hoje, esses relatos abundam e o emprego da palavra no plural (memórias) designa, desde o séc. … Continue lendo

MEMÓRIA SOCIAL

Definição: Conceito ainda em construção, de difícil definição, pois só pode ser abordado a partir de perspectivas transdisciplinares, no cruzamento de várias disciplinas como a sociologia, a antropologia, a filosofia, a história, etc. O resgate da memória social constitui-se no alicerce das identidades pessoal e nacional. Segundo Le Goff “o estudo da memória social é um dos meios fundamentais de abordar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais a memória está ora em retraimento, ora em transbordamento” … Continue lendo

FUNES, O MEMORIOSO

Apresentação: Ivan Izquierdo, em A arte de esquecer, analisa o conto de Borges, Funes, o memorioso (1942), centrado na figura de um jovem chamado Funes, que não esquece nada e que se vê, em virtude dessa poderosíssima memória, impossibilitado de pensar. Logo, para pensar é necessário poder esquecer, para assim poder generalizar. Consideramos que esse conto contém toda uma teoria da memória elaborada pelo genial escritor argentino, J. L. Borges, que, em outro conto, A memória de Shakespeare, irá retomar … Continue lendo